Artigo – Tempos de mudanças

Dra. Ana Rita Novaes
Esp. homeopatia, acupuntura, pediatria e med. família.
Ms e Doutora em Saúde Coletiva

 

Considerando que as últimas quarentenas ocorreram no Brasil no século passado, podemos supor que quase ninguém por aqui tenha vivido essa estranha experiência. A chegada da COVID 19 nos tirou do chão. Uma pandemia que se alastrou rapidamente, colocando em cheque o nosso modo de viver e de nos relacionar com a realidade. Um soco no estômago naqueles que pensavam ter o controle de tudo e negligenciaram a saúde pública e os investimentos na ciência. O mundo parou e ficamos perplexos, tendo que encarar enormes desafios; além da incerteza e do sofrimento coletivo, mirar num objetivo maior, sair dessa vivo. Nada mais natural que o nosso organismo se ressinta com a exacerbação de sintomas psicofísicos e angústia, pois de repente o chão se abre e percebemos que somos vulneráveis e mortais.

As pessoas que vinham investindo no autocuidado estão colhendo melhores frutos. Possivelmente estão mais resistentes e preparadas para o enfrentamento dessas adversidades. Talvez essa vivência possa nos ajudar a enxergar que estamos todos interligados, que as nossas ações reverberam no outro e assim sucessivamente. Somos uma unidade indivisível, constituída de corpo, mente e espirito, integrados no harmônico arranjo aonde a vida se traduz. Daqui para frente precisaremos investir continuadamente na manutenção da nossa saúde de forma integral. Ou seja, cuidar do nosso “terreno”, ou seja, reequilibrar o nosso sistema psico-neuro-imuno endócrino, e estimular a nossa capacidade intrínseco de reagir frente os germes, pois eles continuarão por aqui, como sempre estiveram.

Para isso, além da alimentação saudável, da prática de atividades físicas, incluir no cuidado preventivo as Práticas Integrativas e Complementares, como a Homeopatia, a Acupuntura, ambas especialidades médicas, além da fitoterapia, meditação, arteterapia, musicoterapia e tantas outras. Disponíveis no SUS, na ACACCI e na rede privada, são conhecimentos tradicionais, que nos auxiliam na promoção à saúde e no tratamento de doenças, contribuindo para estimular os nossos mecanismos naturais de cura.

Muitos estudos já foram publicados demonstrando seus benefícios. Mas poucos conhecem seu real potencial. Hora de arrumar o interior do nosso interior em todas as dimensões, cada um com a sua espiritualidade, com coragem, força e fé na vida. Desespero não adianta. Só aumenta os níveis de cortisol, um dos hormônios do estresse que deprime ainda mais o sistema imunológico. É inadiável buscar os nossos recursos internos.

Medite diariamente por 15 min. Sente-se confortavelmente com a coluna ereta, e faça vários ciclos de respirações profundas, concentrando-se na sua respiração. Faça automassagem na região do pulso, planta dos pés, couro cabeludo, pavilhão auricular, locais aonde há vários acupontos, que servem para nos acalmar e tonificar órgãos vitais. Procure uma boa conversa e manter leituras e pensamentos positivos, evitando uma enxurrada de notícias intoxicantes. Pegue sol, fonte de vida e calor, que transforma a Vitamina D na constituição de nossos ossos, e quando possível entre em contato com a natureza.

Procure suporte da Homeopatia que auxilia na prevenção e tratamento de inúmeras patologias, e que historicamente contribuiu na redução da mortalidade e morbidade em várias epidemias, como na cólera, gripe, dengue e chikungunya em diversos cantos do mundo. Inclua na dieta a cúrcuma, o gengibre, o limão, o própolis, o quefir, as frutas vermelhas e as sementes, fontes de vida e renovação celular. A acupuntura pode trazer alívio para dores, estresse, insônia e toda gama de sintomas típicos de quem vive em confinamento e tendo que lidar com tantas outras perdas. Exercite-se com práticas que atuem nessa unidade corpo e mente; como a Yoga e o Tai chi chuan. Tudo isso complementando as necessárias medidas de isolamento e higiene sanitária. Sem radicalismos, com gentileza e amor. Mas buscando autonomia e minimizar o uso de medicações desnecessárias, com efeitos colaterais significativos.

Enfim, como nada é por acaso, só nos resta acolher o momento e aprender com ele, refletindo, buscando o autoconhecimento, abusando da solidariedade, e trabalhando pela transformação social da nossa desigual e antropofágica sociedade de consumo. Que depois dessa lição, possamos fraternamente reconstruir os nossos elos perdidos. Como disseram Ronaldo Bastos e Beto Guedes na canção o Sal da Terra, “…Vamos precisar de todo mundo, para construir a vida nova, vamos precisar de muito amor”.

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